O Arquiteto David Libeskind

 David Libeskind 



    O arquiteto David Libeskind é mais conhecido pela autoria do projeto do Conjunto Nacional, em São Paulo, sua obra máxima. Porém, Libeskind teve uma significativa e diversa produção arquitetônica durante seus anos de atividade na área, além de atuar também como artista plástico e ilustrador gráfico, nasceu no dia 24 de novembro de 1928, na cidade de Ponta Grossa, Paraná, mas logo mudou-se com a família para Belo Horizonte, em 1929 e desde cedo demonstrou habilidades artísticas ao frequentar cursos de desenho e pintura, o que mais tarde se mostrou importante durante seu trabalho de arquiteto. Em 1947, iniciou os estudos em arquitetura na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Durante o curso, foi aluno do professor Sylvio de Vasconcellos, que o convidou para trabalhar no Sphan – Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Pouco tempo após sua formação, em 1952, Libeskind muda-se para São Paulo com duas cartas de recomendação de Vasconcellos, onde tem maior contato com a arquitetura moderna e com arquitetos influentes do IAB – Instituto de Arquitetos do Brasil. Durante um momento de grandes transformações na cidade de São Paulo, que havia ganhado o status de metrópole, o ambiente era propício ao desenvolvimento das artes e da cultura. Nesse contexto, em 1955, ainda jovem, Libeskind venceu o concurso fechado para o projeto do Conjunto Nacional, que é representativo de um momento de verticalização da cidade e de mudança na relação entre edifício e rua. Sua produção arquitetônica foi marcada por projetos de habitação unifamiliar, tema recorrente aos arquitetos da década de 1950, num período de crescimento econômico e urbano acentuado, no qual o desenho moderno não só era incentivado como aclamado. Durante esse período, Libeskind teve diversos projetos de residências publicados em revistas internacionais e teve contato com a produção de vários arquitetos, como Oscar Niemeyer, Mies van der Rohe, Richard Neutra e Charles e Ray Eames. Essas influências foram marcantes na concepção projetual de David Libeskind como na de tantos outros arquitetos brasileiros do período: É no uso dos planos verticais e horizontais, na busca do espaço fluido, na diluição dos limites entre espaço interior e exterior, no uso das aberturas generosas, na não compartimentação do programa residencial através dos espaços e das atividades cotidianas, que o raciocínio projetual presente nas habitações unifamiliares de Libeskind se aproxima da arquitetura do novo estilo de vida californiano, destacando a obra de Richard Neutra como uma referência particular. (BRASIL, 2007, p. 58). Durante seu trabalho como arquiteto, Libeskind continuou em paralelo suas atividades como ilustrador gráfico, prática iniciada ainda em Belo Horizonte. Dentre outros trabalhos, produziu várias capas para a revista Visão, importante publicação da época. No final da década de 1950, voltou a se dedicar à pintura e chegou a receber o I Prêmio no Salão Paulista de Arte Moderna, em 1961, o que serviu de incentivo para continuar sua atividade como artista plástico. Entre as décadas de 1960 e 1970 Libeskind passa a desenvolver suas pinturas de modo mais abstrato, sob os preceitos da arte informal.

David Libeskind faleceu em 08 de abril de 2014, aos 85 anos, deixando inúmeros projetos e obras construídas, entre residências, edifícios habitacionais e públicos e bancos.

    Conjunto Nacional - Av. Paulista, n.º 2073 - Jardim Paulista - SP 

    

O Conjunto Nacional é um edifício e centro comercial localizado no coração de São Paulo. O complexo caracteriza-se pela mistura de diferentes usos em uma mesma estrutura urbana: verificam-se no Conjunto Nacional os usos residencial e comercial, de serviços e lazer. A relação entre os usos coletivos e privados dá-se pela composição entre duas lâminas: na lâmina horizontal, que ocupa toda a quadra na qual se implanta o edifício, encontra-se uma galeria comercial e, na lâmina vertical, a qual ocupa apenas uma parte da projeção do terreno, encontram-se os apartamentos. As galerias convergem para uma área central, onde uma rampa conduz ao mezanino. Ali, há quatro entradas disponíveis (uma em cada uma das ruas que formam a quadra onde se situa o prédio). A lâmina superior conta com 25 pavimentos, que dispõem de três entradas independentes. A galeria proposta no Conjunto Nacional transformou-se em um paradigma arquitetônico para projetos de edifícios similares na área central de São Paulo durante a década de 50. O Conjunto Nacional apresenta restaurantes, escritórios e outros tipos de estabelecimentos de comércio e prestação de serviços (como drogarias, casa de câmbio, academia e lojas), além da maior livraria da América Latina em área construída, a Livraria Cultura. Abrigou por muitos anos o Cine Astor e o Restaurante Fasano. Em 2005, a edificação foi tombada pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico).


Com aproximadamente 150.000m² de área construída, o programa está distribuído em dois grandes volumes: um horizontal, que ocupa todo o terreno –uma gleba de 14.600m²– e outro vertical, que se desenvolve sobre pilotis, sobre o terraço-jardim do bloco horizontal.



    O volume horizontal corresponde ao conjunto comercial, com galerias de lojas, restaurantes, livraria, bancos e cinemas, distribuídos em três pavimentos, além do terraço-jardim –concebido como uma grande praça pública, decisão de projeto que confere a esse pavimento características urbanas.



    Na grande lâmina vertical, três torres contíguas com acessos independentes permitem a convivência de usos distintos como escritórios, consultórios e residências. A articulação com a cidade ao nível do solo, com as calçadas em pedra portuguesa adentrando seus espaços internos de pé-direito generoso por todas as quatro calçadas lindeiras, demonstra a consciência do arquiteto sobre o novo papel do edifício de caráter urbano, concebido como extensão do espaço público.






Residência Joseph Khalil Skaf (1958)











Residência Natan Faerman (1958-1959)













Forum Estância De Socorro (1962)








Teatro Princesa Isabel

Obra não construída