Vida e obras de Rino di Menotti Levi (1901 - 1965)


    Quem foi Rino Levi

    Popularmente conhecido como Rino Levi, foi um arquiteto urbanista brasileiro que durante sua atuação no país deixou um grande legado de obras modernistas que iam desde projetos residenciais aos de indústrias.

Rino se formou na Escola Superior de Arquitetura (Roma) (1921 – 1926) e foi durante sua estadia lá que ele escreveu um texto para o jornal O Estado de São Paulo opinando quanto ao posicionamento do arquiteto em seu nicho de atuação, segundo Levi “(o jovem) nos anos em que se forma e adquire uma personalidade, deve ser posto ao contato das necessidades modernas para que se eduque ao espírito do seu tempo e possa construir uma alma sensível e correspondente ao gosto dos seus contemporâneos”.

Foi seguindo esse pensamento que Rino, ao entender o momento o qual vivia, o crescimento exponencial da cidade de São Paulo e a condução dela à se tornar uma metrópole, que ele se volta a produção de projetos arquitetônicos, fundando um dos primeiros escritórios exclusivamente dedicado à projetos, presentes em todas as frentes de crescimento, desde a verticalização das áreas centrais à expansão horizontal da cidade com os bairros residenciais.

Compreender e suprir as necessidades de cada cliente não impediu Rino de explorar possibilidades e deixar registrado seus ideais, como a intenção de criar ambientes conectados à natureza, integrar a arquitetura a pintura e a escultura, já que essas características se mantiveram presentes inclusive em obras industriais. Além disso a utilização de mobiliários como divisores de ambientes, flexibilizando suas disposições, também ficou registrado em seus projetos, como encontrado no residencial Prudência.

Obras

 Sede do IAB – SP

O edifício IAB-SP exibe os princípios de Le Courbusier da planta livre, estrutura independente e vedação envidraçada das fachadas sul e leste, ele exibe externamente uma subdivisão tripartida, sendo elas: a base no térreo, que corresponde a uma sala multifuncional, o hall de acesso e, acima o andar duplo para a sede social do Instituto; o corpo central, que compreende a quatro andares destinados a escritórios, porém marcados pelo recuo das janelas que foram assim projetadas para atender ao Código de Construção, permitindo a extensão das lajes dos pisos, em balanço, até o alinhamento, desde que seja exclusivamente para fins de proteção da chuva e do sol; e o subsolo, em anos anteriores ocupado pelo Clubinho dos Artistas e Amigos da Arte e depois por um auditório, hoje está instalada a Central Galeria de Arte. Destaca-se, no interior do edifício, a solução do pé-direito duplo que integra o restaurante e o salão de reuniões da sede social do Instituto. 

Térreo

Primeiro Pavimento

Segundo Pavimento


Perspectiva 

A estrutura de concreto recebe revestimento de cores diferentes e pastilhas de vidro. As alvenarias do 1º e 2º pisos, na sua face externa, exibem os tijolos aparentes e nas faces internas, os tijolos receberam pintura branca. A caixilharia de ferro externa, exibe engenhosa maçaneta, que movimenta os módulos. A sede do IAB-SP resolve um programa institucional, social, cultural e comercial, fornecendo uma solução sofisticada e que valoriza a paisagem urbana.

Imagem do edifício já construído

Residência Olivo Gomes

O edifício está organizado em três setores tão bem demarcados em planta como em vistas. O acesso principal, na fachada sudoeste, separa o bloco de dormitórios, à esquerda, do bloco social, à direita, e dá de frente a um generoso pano de vidro, de modo que a primeira impressão que se tem ao chegar à casa é a de uma presença constante da natureza. O terceiro setor é formado pelas áreas de serviços e garagens.

Implantação

Planta do pavimento térreo

Corte AA

O bloco de dormitórios é caracterizado sobretudo pelas suas esquadrias em venezianas do tipo guilhotina com contrapeso. São três folhas de venezianas, sendo a superior fixa. Assim, os dormitórios podem abrir-se completamente à paisagem, protegidos apenas por um discreto parapeito de ferro. Do lado oposto, paralelamente ao corredor que dá acesso aos quartos, uma rampa de dois lances leva ao salão de jogos, no pavimento inferior.

Já o social se destaca pelo terraço que se projeta dos salões fechados de estar e jantar e pelo grande beiral em balanço que o protege. Ganha atenção uma escada helicoidal que leva ao nível inferior. Seu desenho é singular, os degraus estão sustentados por uma viga curva de concreto e no seu perímetro externo por cabos de aço que partem da laje superior. Uma escultura para o alpendre.


Residência já construída

A escada tão emblemática



                Residência Castor Delgado Perez

A construção, térrea que se estende até os limites dos recuos do lote, ativa todo o terreno através de setores funcionais que se envolvem áreas de pátios. Transformando os jardins frontais decorrentes dos recuos obrigatórios em espaço público, Levi adota uma composição onde o volume, ao não ser apreendido em sua totalidade, e acentua as características espaciais da rua,  promovendo uma vinculação às circunstâncias específicas e essenciais desse "pedaço de cidade" - a presença de quarteirão, ruas e lotes - apesar do traçado muitas vezes diferenciado como o dos bairros-jardim.

 

Planta do térreo e Implantação
Corte AA

Considerando as estratégias adotadas na composição dos cheios e vazios que determinam uma postura ideológica em relação à cidade e a particularidade da formação profissional do arquiteto – na Itália dos anos 20 -, a alusão à cultura arquitetônica mediterrânea enraizada no uso do pátio interior parece-nos inevitável. O processo de delimitação de um perímetro exterior diretamente conectado à forma do lote, determinando um corpo que logo é "escavado" para conformar pátios que serão fonte de luz natural e ar aos compartimentos, constitui uma aproximação evidente entre os projetos de Rino Levi e a composição típica da casa-pátio.

Residência já construída

 
No partido retangular utilizado em lotes mais compactos situados em meio de quadra, o perímetro resulta da subtração das faixas de terreno decorrentes da obrigação de recuos em todas as orientações. A organização funcional e a qualificação dos espaços podem decorrer tanto da conformação de pátios centrais como do aproveitamento dos recuos para extensão dos compartimentos internos. As alas dos dormitórios e do estar estão, quase sempre, em faixas paralelas à via pública.

Interior da residência

Pátio Interno

Cine Ipiranga e Hotel Excelsior

Este projeto além de sua beleza estética possui também estratégias construtivas que o tornam muito interessante e uma referência no que diz respeito a estruturas que vencem grandes vãos com poucos apoios, isso porque nele há a sobreposição da torre de apartamentos sobre a sala de espetáculos, que devido a sua função não permite a interferência de apoios estruturais no espaço escolhendo assim a implantação de grandes vigas para vencer esse vão da sala de cinema.

A sala de cinema é composta por um saguão amplo com escadas grandiosas que dá acesso aos balcões e posteriormente à plateia. Luminárias, guarda-corpos metálicos, revestimentos de mármore, linhas geométricas e curvas sinuosas vinculam-se à linguagem ao mesmo tempo de linhas simples, mas elegantes que a associação de arquitetura moderna, com um programa sofisticado e contemporâneo, vivendo o cinema um período de grande sucesso.

Perspectiva do edifício já construído

Fachada frontal

Grelha ortogonal formada pela estrutura aparente

Entrada do cinema

Já na fachada predomina a ortogonalidade, uma trama de linhas retas que criam uma malha harmonizada. Na torre é nesse padrão quadriculado que se encaixam os balcões dos quartos. Sob a grelha dos balcões, um reticulado de mesma base é preenchido por janelas, envoltas por elementos vazados cerâmicos em segmento que corresponde ao restaurante do hotel. Uma grande marquise ladeada por dois elementos verticais divide esse trecho do pavimento térreo marcado por uma sequência de colunas de ordem gigante de acesso ao prédio pela Avenida Ipiranga.

Entrada do cinema a noite


  Edifício Seguradora Brasileira

    Primeira grande torre de uso misto, residencial e comercial, a contar com uma ampla galeria de lojas no térreo ligando duas ruas diferentes, atualmente sediando um supermercado, o edifício Seguradora Brasileira (1948) foi uma das últimas obras residenciais de Rino Levi.

Responsável pela criação do primeiro condomínio vertical da cidade de São Paulo, o Columbus, pelos apartamentos de São João na avenida Higienópolis, neste aqyu, localizado no bairro da Liberdade as extensas janelas intencionalmente desalinhadas dão movimento à fachada.

Fachada frontal do edifício

Edifício e seu entorno




Postagens mais visitadas