A Arquitetura Paulista de Vilanova Artigas

 O Arquiteto

Vilanova, frente a crise gerada pela guerra entre a Itália e o Império Austro-Hungaro, emigrou da Itália para Curtitiba, por volta de 1860 aos quinze anos de idade. Incentivado por seu avô materno, foi para São Paulo em 1931.
O jovem e promissor Artigas chega em São Paulo para continuar sua graduação em engenharia, iniciada no Paraná e transferida para a Politécnica paulista, e encontra-se vislumbrado com a cidade, sua expansão urbana e verticalização que marcaram a São Paulo do século 20.
Após formado, Artigas abriu uma empresa de projetos e construção, juntamente com Dulio Marone, denominada Artigas & Marone Engenheiros. Em 1944 decide trocar a construtor por um escritório próprio com o cauculista Carlos Cascaldi, e funda, com outros colegas de profissão, a representação do Instituto dos Arquitetos do Brasil - IAB/SP. 
Em 1946, Artigas recebeu uma bolsa de estudos da Fundação Guggenheim, foi onde teve a oportunidade de viajar pelos Estados Unidos por 13 meses. Quando retornou ao Brasil, em 1948, participou da fundação da USP. Em 1961, após um longo período de mergulhado em uma crise profissional, realiza uma sequência de notáveis projetos que definiriam a "escola paulista".
Por seus ideais politicos e sociais, Artigas era filiado ao Partido Comunista Brasileiro, foi preso após o Golpe de 1964 e exilado no Uruguai, chega a retornar clandestinamente para o Brasil mas é afastado novamente após o Ato Institucional nº5 (AI-5), em 1969. Artigas retorna ao Brasil somente em 1979, e só assume novamente seu cargo como professor da FAU/USP em 1984.
Vilanova é um dos maiores e mais importantes nomes da arquitetura brasileira, recebeu da Union Internationale des Architectures (UIA) os prêmios Jean Tschumi, 1972 (devido a sua contribuição para com o ensino de arquitetura) e o Auguste Perret, 1985 (por sua obra construída).

Obras

O Arquiteto pode ter sua carreira divida em, basicamente, três grandes períodos de produção dentre os quais destacam-se fortemente suas influências e pensamentos socio-politicos, dado que sempre foi defensor do projeto como forma de protesto. 

Casa Rio Branco Paranhos

No ínicio de sua carreira, Artigas estudou a produção de Frank Lloyd Wright, a Casa Rio Branco Paranhos, construída em 1943, é uma das obras mais representativas da influência de Wright na produção de Vilanova, com grande semelhança estética, mas que não é tão presente nas plantas e concentra-se principalmente nas coberturas, nas articulações das varandas e no uso de desníveis no interior da residência para separação de ambientes.

Fonte: Irigoyen (2002)

Localizada no bairro do Pacaembu, caacterizado pela classe média alta, a obra foi encomendada pelo Advogado Rio Branco Paranhos para o escritório Artigas & Marone. O projeto seguia preceitos da arquitetura de Wright como a naturalidade dos materiais e a adaptação da residência ao terreno. Porém, Artigas não considerou algo muito importante durante a concepção do projeto, sempre presente nas obras de Lloyd, a adaptação da obra à paisagem dado que a casa é completamente independente da paisagem a sua volta. 
Um grande aclive separa a Rua Heitor de Moraes da residência, acessível por uma escadaria que leva até a área social da casa, enquanto dentro dos cômodos podemos ver as diferenças de níveis que acontecem nos halls de acesso. 

Pavimento Térreo | Fonte: Cruz (2010)


Primeiro Pavimento | Fonte: Cruz (2010)

Os materiais utilizados são prevalentemente naturais; a madeira, por exemplo, é usada em vários pontos do projeto, como as escadas e as estruturas que sustentam os telhados. O tijolo aparente está presente em toda a casa, tanto externamente como internamente. O vidro é usado para dar vida aos volumes que sobressaem das fachadas, inclusive no bloco em balanço onde se encontra a sala de jantar, e no bloco que se junta à residência com um anexo, usado como uma extensão da sala de estar. Há, ainda, uma transição entre a residência e o jardim, fazendo a integração com a natureza.




Rodoviária de Londrina

A fim de marcar o enriquecimento e a modernização da cidade na década de 1940, o então Prefeito Hugo Cabral e o Secretário de Obras e Viação Rubens Cascaldi encomendaram a Artigas a nova rodoviária que seria construída na Rua Sergipe. As obras foram iniciadas em 1949, mas a falta de mão de obra especializada em concreto armado atrasou a execução. A Rodoviária foi inaugurada em 1952, ano em que Carlos Cascaldi, precedentemente aluno de Artigas, começou a trabalhar com ele.
A Praça Rocha Pombo, integrada ao projeto, liga o edifício da Rodoviária com a Estação Ferroviária, criando um espaço de estar, presente em vários outros projetos realizados nessa fase, como o Edifício Louveira em São Paulo (1946).
A referência às obras de Le Corbusier e à Escola Carioca é evidente no projeto da Rodoviária. Observam-se a definição de volumes geométricos claros, o jogos de rampas e volumes desencontrados, a inclinação das lajes, a estrutura independente de concreto, a utilização do vidro. O avanço da tecnologia do concreto fez o arquiteto tomar algumas decisões consideradas inovadoras na época, como os pilares inclinados que apoiam a última abóboda de concreto. Suas curvas marcam as esperas dos ônibus, no grande pavilhão de vidro se encontra toda a funcionalidade de um terminal rodoviário.


Marquise e Pilares em V | Fonte: Samantha Palma (2016)

Diferença de Níveis | Fonte: Samantha Palma (2016)

O bloco de forma trapezoidal, articulado em dois níveis, abrigava a área administrativa da rodoviária, o restaurante e as lojas. Esse bloco estava envolto por caixilhos metálicos e fechado com vidro. O edifício foi implantado longitudinalmente ao eixo Leste-Oeste, assim a fachada Sul, voltada para a Rua Sergipe, estava inteiramente coberta por grandes planos de vidro, enquanto a fachada Norte, voltada para a Praça Rocha Pombo, recebeu o tratamento de brises, com a intenção de manter a passagem de ar e iluminação natural no edifício. Este conceito foi muito utilizado no modernismo brasileiro, principalmente pela Escola Carioca. Na fachada Leste, encontram-se elementos vazados. 

O acesso desse bloco pode ser realizado pela Rua Sergipe, por uma marquise sustentada por pilares em “V”. A diferença de níveis entre essa entrada e a área da plataforma, é vencida por uma rampa e uma escadaria. No interior do edifício observam-se outras características típicas do modernismo, como a utilização de pastilhas coloridas, a estrutura do bloco descolada da fachada, as rampas de acesso aos demais pavimentos, a transparência e funcionalidade.



Cascas em concreto | Fonte: Samantha Palma (2016)



Plantas | Fonte: Ana Maria Barbosa Lemos (2007)




Corte Longitudinal | Fonte: Ana Maria Barbosa Lemos (2007)




Corte Transversal | Fonte: Ana Maria Barbosa Lemos (2007)



Fonte: Fernando Stankuns

A Segunda Residência do Arquiteto

O acesso ao edifício é delimitado pelos muros da garagem a 45º em relação à fachada principal. Sobre eles uma abóboda rebaixada, aberta em ambas as frentes. Entra-se por um portãozinho de ferro entre muretas de alvenaria pintadas de branco que leva a um caminho descoberto rente à garagem. Logo chega-se a um átrio coberto por uma laje plana.


A porta social está levemente à esquerda do centro da fachada. Todo o lado esquerdo do edifício fica escondido pelos muros diagonais da entrada, que formam a área de serviço, aberta. E assim, só se vê o que interessa: a laje de cobertura inclinada subindo e logo descendo verticalmente de encontro à parede lateral que continua pela laje do escritório elevado que logo vira dois lances retilíneos separados por um patamar de descanso da escada que leva a ele, a transparência do vidro, e as divisões e sub-divisões dos caixilhos de ferro.



Corte e Plantas


Fonte: Nelson Kon


Fonte: Nelson Kon 


O edifício torna-se apenas uma escada que leva da sala de estar ao escritório elevado e uma cobertura inclinada que protege ambos e dá a altura suficiente para o segundo. Entre a sala, o escritório, a cobertura e a escada forma-se o espaço da varanda. Mas isso não é, senão, a metade da superfície retangular de 27 metros de extensão e 6 metros de largura. A metade esquerda do edifício abriga os três dormitórios, a cozinha, a despensa e o banheiro comum.

Ao contrário da disposição simétrica entre áreas sociais e áreas íntimas, a cobertura é assimétrica: o lado maior, que avança sobre o escritório, parte da parede que separa a cozinha do banheiro, onde se cria a calha transversal. Possui 7,5 metros a mais em planta que a segunda laje inclinada, medida que representa a extensão da escada ao escritório. Porém, ainda que assimétrica em extensão, os dois lados da cobertura não são de todo assimétricos: a parede que separa a cozinha do banheiro marca a metade da área interna do edifício, a partir do limite da sala de estar.



Fonte: Nelson Kon


Todas as paredes do edifício são de tijolo maciço, nunca deixados na cor natural, em geral pintados sem reboco interna e externamente, com apenas uma exceção: a extremidade do lado esquerdo, onde está o dormitório maior, rebocado externamente e pintado de branco, um volume maciço e cego, a contraposição simétrica ao escritório elevado. As paredes utilizam três cores: branco, vermelho e azul, de tons fechados. Branco, nos muros da garagem, muretas da entrada, lareira, e paredes dos dormitórios; vermelho, nas paredes dos lados maiores do edifício, na base da escada, além de aparecer no piso; e azul, nos seis pilares da varanda, nas faces que dividem a área social da área íntima, e na face externa de fundos dos quartos, onde estão as três janelas.


Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - FAU/USP


O edifício da FAU/USP é o mais representativo dos ideais sociais almejados durante toda a carreira de Vilanova Artigas. Não é um edifício entendido apenas como forma, mas a materialização do debate social; na época da sua construção, gerou também um debate sobre a industrialização nacional, sobre o uso do concreto armado e sobre um espaço novo para a reformulação do curso de Arquitetura e Urbanismo, criado em São Paulo em 1948 com a separação da escola Politécnica, que formava engenheiros-arquitetos. O curso foi ministrado durante seus anos iniciais no bairro Higienópolis, no casarão em estilo Art Nouveau doado à USP pela família Penteado. O terreno para a construção da cidade universitária foi adquirido em 1941, porém a construção dos edifícios começou apenas na década de 1960, quando foi implementado o plano de ação Carvalho Pinto. Nesse momento o curso de Arquitetura e Urbanismo estava passando por uma reformulação.
O primeiro projeto da FAU foi concebido por Artigas em 1961. Em 1964 foi elaborado um projeto denominado Corredor das Humanas, com o objetivo de organizar os edifícios do FFLCH, FAU, Geologia e IME. Todos os edifícios deveriam apresentar um partido arquitetônico parecido e serem interligados por grandes vãos, criando um único caminho que os atravessava e ligava todos. O edifício atual foi projetado por Artigas e Cascaldi; as obras tiveram início em 1966 e foram concluídas em 1969. No dia da inauguração do edifício foi preparada uma exposição sobre Oscar Niemeyer.

                                               
E pensei que aquilo tinha que ser um prédio que não tivesse a menor concessão a nenhum barroquismo; que tivesse insinuações de uma extrema finura, para dizer que partia de um bloco inerme (...). Os castelos tinham portas altas e estreitas, porque eram feitos apenas para poucas pessoas muito importantes, e na FAU não tem portas, para que não houvesse descriminação de quem entrasse ali. (Artigas, 1983: Vídeo)

 

Artigas pensava os espaços sempre como sendo públicos: mesmo nas residências usava o concreto e as rampas, considerados elementos que estão presentes nos projetos urbanos; defendia a ideia de que a vida devesse ser sempre coletiva, e que o arquiteto deveria agir em prol do social. Por meio do brutalismo, ele materializou essa possibilidade: a mão do trabalhador podia aparecer e ser protagonista na concepção estética de seus projetos. O conceito principal do projeto da FAU era a de uma escola aberta, sem portas, que não pudesse restringir o acesso de pessoas e ideias. Um espaço novo, para dar ênfase à reformulação do curso: um edifício que por si só daria aulas de humanismo e cidadania. 

Analisou como essa obra se comportaria na paisagem, como o edifício “sentaria” no chão: um bloco de concreto visto de longe como uma fortaleza, sustentado por finos pilares. De certa forma, relembrando a referência de Artigas em sua primeira fase, nos lembramos da preocupação de Wright em relação à paisagem. Seu pensamento era que a obra pudesse ser admirada por dentro, e como a forma seria decorrente das escolhas estruturais. Na FAU destaca-se a integridade da circulação, com as rampas que fazem a continuação da rua; não há ruptura entre um espaço e outro, mesmo no sentido vertical. 

O vão central, em volta do qual se organizam as salas de aula, os estúdios, a biblioteca e os demais ambientes, é visto como uma praça central fechada, como um espaço de convívio, que se torna também um espaço de reuniões e manifestações. A cobertura mantém a ideia de espaço continuo, com a iluminação natural voltada para vários ambientes. Isto constituía na época uma inovação tecnológica, que foi adotada por vários arquitetos; esse pioneirismo, todavia, trouxe consequências, pois logo depois da inauguração começaram as infiltrações.

Plantas

 

Plantas

Corte


Fachada Norte em 1976 | Fonte: Hugo Segawa

Salão Caramelo | Fonte: Samantha Palma (2016)

O edifício tem uma área de 24.000m² e apresenta um volume retangular de 110x66 metros, definidos por quatro empenas cegas de concreto, elevado do chão e sustentado por quatorze pilares. Divide-se em dois blocos, cada um com quatro pavimentos, interligados pelo vão central. Em um bloco a ligação entre os pavimentos é realizada por rampas e no outro bloco por escada e um elevador. 

Artigas não queria desviar a atenção com elementos supérfluos. Os pavimentos intermediários têm grandes circulações e são rodeados por panos de vidro que vão do chão ao teto. Esta característica remete diretamente à “fase corbusiana”. Come sabemos, a estrutura era um dos recursos principais de suas obras. A técnica condicionou a forma, com toda a simplicidade de um bloco inerte de concreto; os pilares em forma de triângulos invertidos davam o toque principal de leveza ao edifício.

Detalhe Pilar | Fonte: Samantha Palma (2016)

O projeto estrutural é composto por uma malha estrutural com vãos de 11 metros na parte em que ficam os blocos e 22 metros no vão central, onde foram usados cabos protendidos. Os vãos são ligados por vigas invertidas, que formam a grelha do teto, que proporciona a iluminação zenital natural e a captação da água da chuva. Os domos da cobertura foram feitos em fibra de vidro. As captações de águas pluviais foram realizadas por tubulações instaladas embutidas nos pilares circulares que rodeiam o vão central. Para a concretagem foram utilizadas formas de madeira de 30cm de largura. Segundo Contier (2013), Artigas esperava ter como resultado paredes rústicas que lembrassem a casa brasileira feita de madeira (reminiscência de sua infância no Paraná): essa aparência do concreto em seu estado bruto pode ser observada tanto no exterior como no interior. De acordo com a concepção brutalista, tudo é aparente, inclusive as calhas da iluminação, as luminárias e os quadros de luz. Além do concreto, a alvenaria foi utilizada também no projeto para dividir os ambientes.

Ao subir os níveis pela rampa é possível chegar a ambientes distintos. No primeiro nível chega-se a um espaço que reúne exposições, cantina e serviços. Subindo mais um lance de rampa, chega-se ao nível da biblioteca. Esta foi pensada como um volume à parte dos demais, articulada em um bloco independente voltado para a praça central. Subindo mais um nível, alcançam-se as áreas livres que têm como teto a cobertura translúcida. Neste nível há cinco estúdios em que as paredes de divisão são baixas para que haja comunicação e fruição de sons em todo o ambiente. Junto à face Norte, encontram-se as salas de aula, mais reservadas. 

Um dos estúdios | Fonte: Samantha Palma (2016)

O edifício foi tombado pelo CONDEPHAAT em 21/07/1982, Resolução SC – 26, de 23-07- 1981, inscrição nº 198, p. 48, após um chamado aberto em 1981 pelo arquiteto Ruy Ohtake.

Rodoviária de Jaú

Os pilares, quadrados, medem 85 centimetros de lado e estão dispostos sob uma retícula de 10x17 metros, são dezoito pilares em três linhas de seis. Sobre eles apoia-se a aje retangular em caixão perdido de 50x58 metros, e 1,5 metros de altura, configurando a cobertura do edifício. 
Sobre cada pilar, a laje desfaz-se numa abertura circular de 4 metros de diâmetro no nível superior e 6 metros no nível inferior. O pilar segue a abertura, gira 45º e se desabrocha em quatro componentes curvos. Cada vértice transforma-se num componente, dividindo cada face ao meio e mantendo a ortogonalidade da retícula. Orientam a curvatura, alinhando-se em concordância com o nível inferior da laje.
















As arestas que dividem as faces ao meio a partir de um metro e vinte centímetros do piso também se alinham ao nível inferior da laje, de tal modo que os dois planos que configuram a porção inferior dos componentes curvos partem desde o nível do piso unidos por um ângulo reto e chegam ao nível inferior da laje alinhados por um ângulo raso, ou seja, transformam-se em um só segmento de reta de cinquenta centímetros.



Fonte: Fabricia Zulin

A face superior dos componentes curvos derivados dos pilares quadrados alinha-se em concordância ao nível superior da laje. Apresentam nesse ponto de contato também cinquenta centímetros, que vão diminuindo ao longo da curva descendente através das duas arestas que configuram a face até se encontrarem num ponto ao centro do quadrado original. Dito ao contrário: do ponto central do pilar, a dois metros de altura do piso, partem oito arestas curvas que configuram as quatro faces superiores dos componentes.






O edifício aproveita o acentuado declive topográfico. Dele surgem os cinco níveis principais construídos à meia altura entre eles e conectados por rampas. As três fileiras de seis pilares criam dois vazios transversais no edifício. Um deles dá lugar as rampas que conectam os pavimentos. O outro é por onde entram os ônibus e lugar dos embarques e desembarques.


Fonte: Ana Carolina Gleria




Os acessos principais ao edifício estão por seus dois lados opostos mais extensos, através das vias que passam pela cota mais alta e pela mais baixa do terreno. Outros dois acessos secundários estão nas laterais do edifício, paralelos à via de acesso dos ônibus, através de uma rampa que surge do passeio público e leva a um nível intermediário do edifício.


Fonte: Renata Mendes




Assim como várias obras modernas brasileiras, a Rodoviária de Jaú é apenas uma coberta e um conjunto de pilares.